Em tempos de pandemia, em que as empresas precisaram migrar para o trabalho remoto, ocorreram mudanças de legislação trabalhista e muitas companhias convivem com crises financeiras que podem levar a demissões, o papel do RH alcança um novo patamar. 

Para abordarmos todos os desafios que os profissionais de RH enfrentam neste momento, conversamos com Fabile Migon, VP of People & Culture da Zoop, plataforma tecnológica, que facilita a integração das empresas e todo o sistema financeiro e regulatório da cadeia de pagamentos.


Para ouvir a 15ª edição do
Digicast, basta usar o player acima. Se preferir, você pode ler a transcrição da entrevista feita por Pedro Renan, CEO da Digilandia, logo abaixo.


Olá! Bem-vindos ao 15º episódio do Digicast. Sou Pedro Renan, CEO da Digilandia e da Agência Papoca e seu host. 

Hoje, recebo a Fabile Migon,da Zoop, para falar sobre boas práticas de RH em épocas de crise. 

Seja muito bem-vinda, Fabile!

Olá, Pedro. Obrigada pelo convite. É um grande prazer estar com vocês e muito bom ter a oportunidade de contar o que temos feito.

Pode ter certeza que o prazer é todo nosso.

Começando nessa pegada, neste momento de pandemia, o RH está sendo desafiado como nunca? Tivemos mudança para o trabalho remoto, mudanças de leis, muitas demissões em massa, adaptação de cultura organizacional para este momento… Esse é o maior desafio na sua carreira ou no que você tem visto no RH como um todo?

Sem dúvida. São 24 anos de carreira. Desde o meu primeiro estágio, comecei e nunca mais saí de RH. Posso falar com toda certeza que nunca passei por nada parecido com isso.

Nessa experiência que tenho em RH, vejo esse momento de pandemia como uma grande virada para o RH. É um momento de muito desafio. O papel da área que cuida de gente e cultura está no topo dessas discussões. Agora, a palavra de ordem é sim cuidar das pessoas, ter empatia pelas pessoas. Não que antes não fosse importante, mas agora se torna fundamental e imprescindível.

Se não estivermos atentos às pessoas e as empresas que não ficarem atentas às pessoas ficarão para trás. Precisamos cuidar das pessoas para olhar a sustentabilidade do negócio, seja no engajamento, no resultado ou como nos posicionarmos para os nossos clientes. As oportunidades estão aí e são muitas. 

Quando chega uma pandemia, temos duas opções. A primeira é paralisar o que faço e como lido com isso. E a segunda é agir. E não foi diferente do que fiz em muitas empresas. Vamos embora e vamos agir rápido, com senso de dono e com preocupação do que temos de fazer. E o grande X da questão é agir sem saber o que vai acontecer no dia seguinte.

Não existe hoje no time alguém que seja benchmark, que vá levantar a mão por já ter passado por essa experiência. Nem a gente no time ou alguma empresa em algum lugar do mundo viveu isso e tem know-how.

O know-how do RH é diário. Aprender fazendo e sempre esperando o dia seguinte. Planejamos o ano, mas as metas vão de semana a semana, sabendo que elas podem ser mudadas diariamente.

Isso que você falou faz total sentido nesse ponto de vista de curtíssimo prazo. Temos falado aqui com vários empreendedores sobre marketing, trabalho remoto, cultura, e muita gente teve de rasgar seus planos para 2020. E trabalhar semanalmente, creio que seja a melhor opção, porque não sabemos o que vai acontecer amanhã, imagine no próximo mês. E, obviamente, priorizar pessoas é essencial.

Você falou muito de boas práticas. Como ninguém viveu isso, vamos testando e errando. Há muitas coisas que têm sido legais na Zoop neste cenário. Há alguma coisa que você gostaria de compartilhar, seja da Zoop ou de outras empresas que tenham te chamado a atenção?

Tenho sim. Desde a primeira vez que surgiu o tema Covid, ainda distante da nossa realidade, criamos um comitê de crise. É algo que, naturalmente, as empresas têm. Criamos lá atrás, ainda ponderando se poderia ser um exagero falar desse tema que estava bem longe da gente. Foi muito fundamental termos feito isso, porque muitas ações começaram dali e muito cedo.

Lá, decidimos ter copos biodegradáveis, álcool em gel nas áreas comuns do escritório, fizemos uma higienização do escritório por inteiro, com todas as pessoas ausentes. Todos entraram em home office no dia 16 de março. Também tomamos uma decisão de cancelar as viagens corporativas nacionais e internacionais. 

A Zoop é uma empresa muito relacional, adoramos fazer meetups, o Fabiano, CEO, gosta de receber as pessoas em reuniões presenciais. Então, de cara, cancelamos, pensando em resguardar a saúde dos nossos funcionários e a nossa também.

Dali em diante, tomamos várias ações, sempre pensando em algo personalizado. Temos um atendimento clínico de um telefone para que funcionários sejam atendidos por essa médica. Ao mesmo tempo, também temos uma terapeuta. Saúde física e saúde mental andando juntas. 

E, curiosamente ou não, temos o atendimento da terapeuta muito maior do que da médica, porque há ansiedade, angústia, estresse. Isso tudo se junta a essa situação de crise em que estamos. 

Não estamos em home office porque escolhemos. Estamos num home office forçado, de isolamento social. E junto do home office está toda nossa família. Há esse embate, com crianças e filhos pequenos ou adolescentes, com marido ou até mesmo para os que vivem sozinhos.

Começamos a perceber que poderíamos tentar levar a Zoop para dentro da casa dessas pessoas. Temos café da manhã online diário, em que participo, o CEO também e muitos outros funcionários. É um café da manhã tão divertido e tão leve para começarmos nosso dia. Temos recebido feedback de pessoas que se consideram sozinhas e agora têm com quem tomar café da manhã. 

Na Zoop, há a prática de tomarmos café da manhã juntos. E conversamos de vários assuntos, menos falar da pandemia, justamente para ajudar a aliviar um pouco essa tensão.

Entramos também com reuniões em home office. Criamos o “Conexão Zoop, #tchaucorona”. O CEO, semanalmente, se reúne com todos os funcionários para dar um update da semana. E mais importante ainda é responder todas as perguntas que nosso zoopers fazem. Também ajudamos a tirar um pouco da ansiedade.m

Entramos no movimento #nãodemita. E isso ajuda muito aos zoopers, os nossos funcionários, ficarem mais tranquilos e calmos em relação à garantia do emprego. Obviamente, a Zoop é uma empresa e a performance é sempre cobrada. Mas, no momento de pandemia, não faremos os desligamentos.

Criamos um canal no Slack. Essa é uma dica muito boa que possa dar a qualquer outra empresa, seja Slack ou qualquer outro tipo de workplace que a empresa possa utilizar. Criamos o #tchaucorona, em que colocamos todas as informações sobre o que a Zoop está fazendo, sobre a pandemia e nossas ações.

E fizemos algumas coisas para trazer esse mood que a Zoop tem de tanta leveza e tanta alegria, para as pessoas contarem um pouco do home office, fazerem um vídeo e postarem no canal, além de pedir que outra pessoa faça. São criados desafios desde o dia um em que fomos para casa.

Temos feito algumas ações com o Ifood, que é parceiro, já que fazemos parte do grupo Movile. Colocamos alguma premiação com crédito no Ifood para nossos funcionários a partir do momento em que participaram de uma brincadeira. A cada semana, vamos mudando um pouco.

Essas ações são algumas das que a gente fez, e foi até matéria da revista Mundo RH.

E, ainda assim, fechamos toda semana na sexta-feira com um happy hour online. Temos um funcionário que é DJ. Ele é o DJ do nosso happy hour. E terminamos a semana com ele colocando músicas e a gente batendo papo, para podermos dar uma aliviada na semana.

A gente entende que a cada semana que vai se passando, cada semana em isolamento pode ser mais difícil. Já começamos a semana sabendo que nenhuma será igual a outra. 

Parabéns por todas as ações. Deu até vontade de ir para esse happy hour na sexta-feira.

Está convidado. É muito legal. Na semana passada, até levei minhas filhas para verem como é. É legal porque você ainda leva sua família junto para esse momento.

E fechando com uma coisa que esqueci de mencionar e que foi muito positiva. É o kit home office.

Estamos todos em home office, e ele não é democrático como uma empresa. O escritório é democrático, porque o ar condicionado é na mesma temperatura para todo mundo, a cadeira é igual, a luz é igual, estamos na mesma mesa.

Quando estamos em home office e cada um na sua casa, esse home office depende de como é minha casa, se eu tenho uma boa internet, um ar condicionado, uma boa cadeira.

Para minimizar esses aspectos, durante as reuniões, mapeamos a internet de funcionários que não era tão boa. Então, concedemos uma internet melhor para essas pessoas, para que tivessem as mesmas condições de trabalho. Permitimos que elas pegassem suas cadeiras na Zoop e levassem para seus lares. E monitores, fones e outros itens. Mas a cadeira e a internet fizeram grande diferença pelos feedbacks que recebemos.

Há dois pontos que eu gostaria de dar pequenos complementos. Falei muito sobre isso no episódio 12, com o Lucas Morello, que falou se o futuro seria mesmo remoto. E acho que falei em outros episódios que há uma glamourização do home office, como se todos tivessem condições iguais. A realidade das pessoas é completamente diferente. Às vezes, há animal de estimação, crianças, a casa não está preparada.

A empresa ter essa preocupação em democratizar, deixar todos em igualdade e condições mínimas de trabalho é essencial. Infelizmente, deveria ser o básico, mas são poucas que estão fazendo. É muito legal ouvir esse relato de que vocês tiveram essa preocupação desde o dia um.

E outro ponto muito importante que você abordou é sobre inteligência emocional. Isso é vital. Temos um post na Digilandia sobre isso, porque é normal ficar ansioso, menos produtivo. Estamos num momento em que fomos forçados, ninguém se preparou para isso. As mudanças foram acontecendo no dia a dia. E ter essa humanidade, entender que isso é real é muito bacana.

É perfeito o que você está falando. Por isso que falei no começo que a palavra de ordem é empatia. Temos de entender que o outro tem uma vida diferente. 

Tem reuniões que faço em que todos estão por vídeo e ali você vê que as condições são diferentes. Home office é diferente para todo mundo, mas aí é um combinado. Existe uma regra do jogo. E não como agora em que cada um teve de se ajeitar da sua forma.

E para mais dicas sobre trabalho remoto, temos o episódio 3 do Digicast, com a Amanda, do Trello.

Avançando um pouco, costumamos brigar que o podcast é vida real, como ela é. Fazemos perguntas difíceis, para não ficar apenas no lado bom. Com 20 anos de experiência, devem ter ocorrido dias difíceis. Houve algum erro ou aprendizado que você teve durante sua carreira?

Com certeza. O aprendizado é diário. Na minha carreira inteira, sou uma pessoa muito aberta a aprendizados. Não existe falar que tenho mais de 20 anos de carreira e sei tudo, até porque o mundo muda, as coisas mudam e precisamos nos atualizar.

Se você perguntar sobre algum momento desafiador da sua carreira, eu poderia citar vários. Mas nada, nada perto do que passamos agora. Ser head de RH num momento em que o RH nunca esteve tanto no topo das discussões, em meio a uma pandemia em que a saúde das pessoas está em risco, nada é mais desafiador que isso.

Posso até fazer o comentário que talvez eu não tenha nunca mais um desafio tão grande, desse tamanho. A gente aprende a cada dia. Várias ações que citei foram tomadas no dia um. Outras, a gente foi vivendo e sentindo a necessidade. 

Agora, começamos uma discussão de como voltaremos ao escritório. Uma hora, voltaremos. Quais protocolos são esses? Não há certo e errado. Estou aprendendo a cada dia. 

Precisamos ser fortes, resilientes e termos humildade, até para dizer que preciso ouvir sua realidade. Não sei tudo. E se você perguntar se erramos, não teria um erro para falar, mas teria alguns exemplos de coisas que não pensamos no começo e depois.

O exemplo da terapeuta. Para os zoopers, nós providenciamos. Até que alguém alertou que estamos convivendo nossas famílias e que a ajuda para as famílias seriam para os funcionários também. Não tínhamos pensado nisso.

É ouvir o outro, ter empatia e pensar como posso fazer isso. E aí você vê uma oportunidade de conceder às famílias que estão naquele ambiente uma ajuda, seja pensando num desconto de assinatura para entreter as crianças ou o atendimento às famílias.

Há aprendizados que estamos vivendo. Não pensamos nisso no dia um. E percebemos que ajudar as famílias ajuda as pessoas também. 

O mundo parou, a Disney parou, os Jogos Olímpicos foram cancelados. Como poderíamos pensar num sonho ou num pesadelo que isso aconteceria. Portanto, é termos esse aprendizado.

Agora, pensamos nesse retorno. Algumas decisões já foram tomadas. Não voltaremos 100% ao mesmo tempo para o escritório. Temos algumas ideias, fazemos pesquisas de quem é grupo de risco e quem usa transporte público. Mas estamos num escritório que está num condomínio. Se cuido do meu escritório, mas o condomínio não está alinhado comigo não adianta nada. 

Nós já somos relacionais. A Zoop é uma empresa muito relacional. Como voltar a falar que não podemos nos abraçar, nos beijar, compartilhar coisas?

Queremos criar uma forma de nos cumprimentarmos, que seja legal, mas que não tenha contato físico ainda.

E uso de máscara, pensamos em usar máscaras coloridas, para que a gente não fique com uma coisa mais blasé.

Cito algumas coisas para dizer que o aprendizado é diário e se faz muito necessário ouvir os outros. Para cada dessas ideias, alguém surge com uma nova.

Sairemos dessa muito mais fortes, experientes com pandemias e crises. Brinco que não quero mais usar. Quero a experiência, mas que não precisa mais usá-la. Que seja a primeira e última.

É muito importante errar e corrigir com o carro andando, principalmente no momento de crise em que estamos vivendo. Não há playbook ou manual. O mais importante é empatia.

Lembro que no episódio 1, em que falei com o Fernando sobre liderança para times remotos, ele falou algo que achei muito interessante. Alguns líderes acham que empatia é se colocar no lugar do outro, mas com a cabeça dele. Portanto, ele diz que isso não faz sentido. Não é para fazer sentido para você, mas para outra pessoa. E você está dando o exemplo do oposto. 

Falamos sobre erros e dificuldade, mas vamos falar também de coisa boa. Você poderia apontar o seu maior acerto ou seu melhor dia dentro da área de RH, seja agora na Zoop ou em qualquer dia anterior?

O maior acerto que fiz na minha carreira foi ter ido para a área de RH, ter escolhido RH para minha vida. 

Fiz psicologia. A grande maioria pensa na clínica. Fui fazer estágio em RH, porque precisava de grana. E foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu me apaixonei num nível… Amar o que faz e ainda ganha dinheiro por isso. Tem sorte melhor?

O maior acerto foi ter escolhido isso para minha vida. E tive grandes alegrias, muitos projetos legais de sucesso que implementamos e foram reconhecidos.

Tive a sorte também de ter gestores excelentes na minha trajetória. Tento com meu time ser como esses gestores que tive.

O que mais me emociona hoje é que cheguei a um nível da minha carreira que sempre desejei. Meu sonho agora é que as pessoas cheguem. E quero ajudar as pessoas que querem ser liderança em RH. 

Um grande desafio que gosto muito é apostar nas pessoas. Tenho uma coisa e já recebi feedbacks de que aposto em pessoas que outros não imaginam. E tenho alguns exemplos de pessoas que começaram comigo até como estagiários e hoje são grandes líderes, gerentes. Passaram por mim e hoje são profissionais de ponta. 

Penso até que isso é um propósito e quero muito continuar fazendo isso. Que as pessoas tenham prazer de estar no lugar onde estão, gostando do que fazem.

Falo para minhas filhas que elas devem ser o que quiserem ser. Quando gostamos, isso não é balela, fazemos com engajamento. O seu olho tem de brilhar de manhã quando você vai trabalhar ou fazer algum projeto. E isso fará com que você seja bom profissional. 

O grande acerto é ter escolhido minha carreira, estar onde estou hoje.

Ter um propósito é algo que não é fácil. Às vezes, você demora anos, até uma vida toda e não consegue encontrar. Quando você tem algo muito claro, que brilha o olho e te motiva, isso certamente muda a vida. Infelizmente, isso não é uma fórmula mágica. Simplesmente, acontece. Vamos testando e errando, até encontrar esse propósito.

Na Zoop, vocês têm feito várias ações com parceiros diferentes, vários mercados, para ajudar outras empresas que estão sofrendo nessa crise e pessoas também. Você pode falar de algumas dessas principais parcerias que vocês estão fazendo e qual a importância que elas têm na sociedade?

O time de marketing é muito forte e atua fortemente no LinkedIn e nas redes sociais, junto com a área de produto e a área comercial. 

A Zoop está muito parceria dos nossos clientes, seja na antecipação necessária, que não deixe eles na mão. O momento de crise é muito complexo e complicado. Como vamos ficar? Como meus parceiros vão ficar?

A Zoop entrou em alguns movimentos em parceria com a Visa, com o Ifood, de estamos juntos, contem com a gente. Somos fortes o suficientes para estarmos com vocês e estaremos do seu lado como sempre estivemos.

Isso foi muito bacana, em relação aos nossos clientes e feedbacks que recebemos. E o quanto precisamos estar, ainda assim, próximos deles. Temos muitos clientes, desde os maiores como o Ifood até empreendedores menores, que têm necessidades diferentes.

A empatia e o entendimento do que os clientes precisam e saber que podem contar com a Zoop e todo nosso time, que está preparado para ouvir e apoiar, é muito importante.

Agora, vou fazer a pergunta de um milhão de dólares. Tentarei fazer para construirmos uma resposta legal. Quais dicas que você daria para empresas se preparem minimamente para cenários de crise? 

Obviamente, seria impossível se preparar e prever uma crise como essa. Mas existe alguma dica prática que dá minimamente preparar um terreno para, quando vier uma onda ou um tsunami, não sofrermos tanto?

A comunicação nunca foi tão importante na vida. E ela continua sendo muito importante.

Se é uma dica, a primeira é comunicar muito. Comunicação é repetição. No momento de crise, precisamos mais ainda comunicar, seja para os parceiros, para os clientes ou nossos funcionários.

Tenha um espaço aberto para troca de ideias. Deixe as pessoas se sentirem à vontade para perguntar. Deixe elas se sentirem à vontade para serem vulneráveis. Podem falar que estão ansiosas, que têm medo, que querem saber se o emprego está sob judice, se haverá corte de benefícios. 

As pessoas precisam estar à vontade para perguntar, e isso começa com os líderes. Na hora que os líderes se colocam vulneráveis, querem ouvir e não julgar… Tenho reunido o time que cuida de gente e, mais do que nunca, precisam ser cuidados. Não achem que há mulher maravilha ou super-homem. Precisamos saber que precisamos de ajuda.

Portanto, a dica é comunique, tenha um espaço aberto para as pessoas se posicionarem, responda com transparência as perguntas que forem ditas. E chame as pessoas para estar com você. Essa não é uma questão da head de RH, do CEO ou do CTO. Essa é uma questão nossa, dos 320 zoopers.

Essa é a dica que dou. Não há fórmula de bolo. É estar aberto para ouvir, ser sensível, ter empatia e para fazer ações que atendam às pessoas.

O legal dessas dicas é que são atemporais. Não necessariamente é preciso fazer isso só na crise. Se você tiver um ambiente aberto e de respeito, onde as pessoas se sentem à vontade e não julgadas, isso deveria ser para sempre.

Há um Ted Talk e um documentário da Netflix, que é originário do Ted Talk, da Brené Brown, que ela fala sobre vulnerabilidade.

Tive a oportunidade de assistir a Brené Brown presencialmente numa palestra sobre empatia. É maravilhoso. Recomendo.


E é um exercício que tem de começar do líder. Quando a liderança se coloca nessa posição, as pessoas, naturalmente, se colocam. É daí que vem a cultura.

Outro dia, estava em reunião com meu time e minha filha começou a chorar, porque ela não queria ter mais aula online, queria ir para a escola e ver os amigos. Na mesma hora, falei a eles que não poderia falar mais e que precisava atender a minha filha. 

Estamos falando de empatia? Tem de haver empatia também com o líder. 

Saí, falei com ela, acalmei. Somos humanos e também tenho as minhas situações na minha casa. Se eu não coloco isso para as pessoas, elas não se sentem à vontade em colocar também.

No episódio 4, com o Rafael da Supersonic, em que abordamos de cultura empresarial remota, ele falou que uma das grandes coisas da cultura é o exemplo. Se você dá o exemplo, as pessoas vão replicar aquelas atitudes, porque se inspiram nos líderes.

Falamos do Ted e, neste momento final, falamos sobre outros assuntos para ajudar quem está ouvindo. E um desses assuntos é sobre livros. Você tem alguma dica?

Tem um livro que estou no finalzinho. Gosto muito de ler, mas esse tem me tocado muito, porque tem a ver com meu universo por ser mulher. O livro é Mulheres que correm com os lobos.

É um livro que me identifico muito, porque tem essa questão do papel da mulher na sociedade, há a reflexão dos comportamentos que aprendemos culturalmente e, inconscientemente, repetimos. E fala muito mais dos arquétipos que temos. Tem me ajudado muito.

É um livro que fala nos arquétipos que as mulheres têm, e estou me vendo neles. Estou fazendo uma reflexão sobre ser líder numa empresa que é de tecnologia financeira, e natureza das fintechs é que a maioria seja de homens. Estou apaixonada pelo livro e recomendo não só para as mulheres, mas para os homens que quiserem entender esse universo.

Mulheres que correm com os lobos

Aproveitando o seu gancho, o 16º episódio do Digicast será sobre liderança feminina. Vamos pegar algumas coisas de lideranças que estão surgindo durante a pandemia, desde mulheres que ocupam o cargo de primeiro ministro, até pessoas de empresas. Vamos falar sobre preconceito e desigualdade. Convido vocês a acompanharem.

E dica de filme ou série, você tem alguma?

A série que estou órfã é This is Us. Brinco que This is Us é a série da minha vida. Adoro séries e assisto muito, mas This is Us é uma série que me identifico muito. Terminei a quarta temporada, mas feliz da vida ao saber que tem mais duas.

É uma série que fala do cotidiano, da vida em família, das vitórias, angústias e desafios. É verdadeira história da vida. Não tem um protagonista ou um antagonista.

Para cada episódio, você é o protagonista ou não. E a vida é muito assim. Há horas que você é mais protagonista, em outras é mais coadjuvante, não perdendo a importância do papel naquele cenário. Há horas que você é aprendiz. Temos de entender as nuances da nossa vida e qual papel exercemos ali.

This is Us é assim. As pessoas são comuns, normais, com uma vida, que tem suas felicidades e tristezas. E elas são elas mesmas. As pessoas são empáticas umas com as outras dentro daquela família.

Brinco que estou órfã, porque quando começa a conviver, você se sente parte daquilo. Terminei a série na semana passada e brinquei que tenho de escolher uma série para ver.


Estou para começar
This is Us. Tem muita gente falando bem, não assisti ainda, mas estou querendo.


De meio de comunicação, blog, Twitter ou outro podcast, há algum em que você consome conteúdo?

Consumo o Papo na Nuvem. É o podcast da Zoop, que tem o propósito de trazer grandes porta-vozes do mercado de serviços financeiros, para a gente descomplicar um pouco isso.

Por que falo sobre o Papo na Nuvem? Além de ser de grande qualidade e com grandes personalidades, me ajudou muito a chegar na Zoop. 

Vim de um mercado completamente diferente. Trabalhei em algumas empresas de mercados diferentes. Na minha última empresa, fiquei 17 anos no mercado de televisão. E quando entrei no mercado de serviços financeiros, falei “como é isso”. 

Antes da minha entrada, houve o primeiro episódio do Papo na Nuvem, até com uma pessoa que é um executivo nosso, que é o Alessandro Raposo, pelo qual tenho o maior respeito e admiração.

Comecei a ouvir e me ajudou a entender esse universo e essa cultura em que estou inserida agora. Portanto, recomendo o Papo na Nuvem. A nossa equipe tem lançada com muito carinho e com pessoas muito representativas no mercado.

Pegando um gancho e fazendo outra pergunta. Você falou que passou 17 anos no mercado de televisão e veio agora para o ambiente online. O que te motivou a sair de um mercado e ir para outro completamente diferente depois de uma carreira já consolidada?

A empresa mora no meu coração, faz parte da minha vida e fará para sempre. 

Foi uma decisão muito difícil. Até escrevi recentemente no LinkedIn sobre isso. Chegou uma hora em que me senti precisando muito mudar a minha carreira, entender um novo mercado, ter desafios que trouxessem esse turbilhão. Se continuasse, continuaria feliz, porque é uma empresa da qual gosto muito. Mas precisava disso para a minha vida e pensei que era a hora. Foi quando recebi o convite da Zoop. 

Foi um convite que fui namorando, até que um dia eu entrei na Zoop. Por que falo que entrei? Fui fazer entrevistas em outros lugares. Fiz primeiro na Movile, que foi online. Quando entrei na Zoop, conversei com o CEO, fui envolvida por aquilo. Acredito muito em energia. Eu me vi trabalhando naquele lugar, sentada ali. A gente brinca que a Zoop é um foguete, e eu queria embarcar nesse foguete.

Tem receio, tem medo, mas são sentimentos que movem a nossa vida. A pessoa que vive sem nenhum medo, sem nenhum receio não existe.

Conversei com amigos, família, meu ex-chefe. Estudei qual era a empresa e quem seria meu chefe. Foi tudo muito combinado. Decidi ir para a Zoop e pedir demissão.

Pedi demissão e negociei de ficar mais dois meses, porque eu precisava fechar coisas. Não podia ir embora da noite para o dia. Fiquei mais dois meses e meio me despedindo.

Uma das decisões acertadas quando você me perguntou, também pensei em falar na ida para a Zoop. Estou muito feliz com a decisão que tomei. E nessa hora, a gente tem de ter coragem. É óbvio que é uma coragem com consciência. Mas precisava ter essa coragem.

Se não estamos tendo medo, se não tem insegurança, se não errarmos, é porque não estamos fazendo nada de diferente.

Só uma curiosidade. Pensei que quando fizesse 90 dias na Zoop, faria um texto muito legal contando tudo que eu conseguiria implementar nesses 90 dias. Aí chega uma pandemia, que roubou parte do meu texto.

Agora, o momento jabá. Você pode falar mais sobre a Zoop, o que achar pertinente.

Falei do Papo na Nuvem, que faço o jabá. É interessante e convido todos a conhecer.

A Zoop também é uma empresa que está aberta a você que queira conhecer a Zoop, que queira ser cliente, que queira saber um pouco mais. Conheça, entre no site, siga no LinkedIn e no Instagram. É uma empresa apaixonante. 

Zoop é uma plataforma tecnológica, que facilita a integração das empresas, todo o sistema financeiro e regulatório nessa cadeia de pagamentos. A gente possibilita muitos marketplaces, negócios, B2B, empresas de tecnologia, varejo, para que se tornem fintechs.

Há muita coisa bacana acontecendo. Somos 320, em Rio e São Paulo. Se você quer ser Zoop e entrar nesse foguete, siga a gente nas redes sociais e fique de olho nas nossas posições futuras. Agora, em função da pandemia, congelamos as vagas, mas a vida voltará.

E se quiser ser um cliente Zoop, todo o time está aberto para conhecer, entender e conversar com você.

Num último complemento, algo que você falou que foi muito bacana foi que estudou a empresa, o líder, o CEO e fez seu dever de casa. Isso é muito importante. 

Neste momento, houve várias demissões em massa. Sei que não é todo mundo que consegue, muita gente acaba aceitando o emprego porque precisa do dinheiro. Sei que é a realidade da maioria das pessoas, não tenho como generalizar. Mas se você tem o privilégio e fazer o que a Fabile fez, faça, porque faz uma diferença enorme. 

Se puder ter algumas propostas, escolher a empresa que vai trabalhar, fazer perguntas difíceis na entrevista. O que vocês fazem? Qual o propósito de vocês? O que esperam de mim quando entrar? Quais são as metas? Como é o dia a dia? Por que você quer me contratar?

Entrevistar na entrevista é vital. Não seja passivo, porque isso fará você escolher um lugar muito melhor para trabalhar. E, provavelmente, isso influenciará na ascensão da sua carreira e da sua felicidade.

Aproveite para saber mais sobre como alcançar a qualidade de vida no trabalho remoto.