Quando você ouve sobre “derivativos de energia”, qual é a primeira coisa que você pensa a respeito? Que é um investimento complexo? É a compra de energia em si? Deriva do quê?
É normal ter dúvidas sobre o assunto, até porque os derivativos são uma modalidade avançada de investimento. Por isso, te ajudaremos a entender melhor o que são os derivativos e, especificamente, os derivativos de energia.
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O que são derivativos?
Segundo definição da InfoMoney, “derivativos são um instrumento financeiro que tem o preço ‘derivado’ do preço de um ativo, de uma taxa de referência ou até de um índice de mercado.” Um desses ativos pode ser o preço da energia, que serve como base para os derivativos de energia.
Os derivativos podem ter como referência ativos físicos, como ouro, café e soja, ou ativos financeiros, como ações, taxas de juros ou moedas. As negociações podem ser feitas tanto no mercado de balcão quanto em Bolsas, como na B3, a Bolsa de Valores brasileira.
Geralmente, os derivativos são negociados por meio de contratos padronizados, de modo que todas as especificações da operação são definidas previamente. Além disso, esse tipo de investimento muitas vezes é feito para proteger o valor de um ativo das oscilações do mercado — mais adiante explicaremos isso em detalhes considerando os derivativos de energia.
Importante ressaltar que os derivativos são um investimento de renda variável, assim como ações, Fundos Imobiliários (FIIs), câmbio, etc. Por isso, é fundamental ter cautela ao fazer qualquer operação e estudar muito a respeito do assunto antes de tomar uma decisão.
Derivativos de energia elétrica
Até aqui você teve um breve resumo sobre o que são os derivativos, então agora vamos explicar mais detalhes sobre os derivativos de energia elétrica. Considerando que os derivativos têm um valor que deriva de outros ativos, no caso da energia esse ativo é o Preço de Liquidação por Diferenças (PLD), apurado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Os contratos de derivativos de energia elétrica funcionam como uma proteção (também chamada “hedge”) em relação à oscilação do preço da energia. Para entender melhor essa oscilação, é preciso conhecer como se dá a definição desse preço.
O setor de energia elétrica brasileiro está segmentado em dois ambientes: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre (ACL).
O ACR (também chamado Mercado Cativo) é composto por consumidores cativos, os quais têm acesso à energia com as tarifas definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Já o ACL é composto pelos consumidores livres, os quais operam no Mercado Livre de Energia e podem adquirir energia diretamente de empresas geradoras e comercializadoras, negociando preços, prazo, volume e forma de pagamento com elas.
O excedente dessas operações é negociado no Mercado de Curto Prazo (MCP), tendo o PLD como referência de preços. Ou seja, o cálculo considera a diferença entre a energia contratada e o volume de fato gerado ou consumido, equilibrando assim a oferta e a demanda.
Hoje a divulgação do PLD é feita de hora em hora, por isso também é chamado “PLD horário”.
Saiba mais sobre como o preço de energia no Mercado Livre é definido.
Operações de negociação dos derivativos de energia
E como as operações ocorrem? De acordo com a B3, “a negociação do contrato de derivativo é realizada entre as partes, de forma bilateral, e os parâmetros acordados são registrados na B3, como acontece com todas as operações feitas no mercado de balcão. Por ser uma negociação bilateral de balcão, existe o risco de crédito da contraparte. No vencimento, o comprador recebe ou paga o valor de ajuste, dependendo da diferença entre o preço acordado com a contraparte e o preço do PLD na data de vencimento.”
Ao todo, são 5 etapas:
- pré-negociação;
- negociação;
- pós-negociação;
- registro na B3;
- liquidação financeira.
Considerando que a energia remanescente das operações do Mercado Livre de Energia são negociadas no MCP, podemos dizer que os derivativos de energia protegem os investidores das oscilações dos preços de mercado. Inclusive, os agentes podem ser tanto do Mercado Livre de Energia quanto do Mercado Cativo.
Informações da B3 mostram que os agentes que utilizam derivativos são:
- pessoas físicas;
- empresas de diferentes setores (inclusive comercializadoras de energia, geradoras, etc.);
- fundos de investimento;
- bancos;
- corretoras;
- investidor estrangeiro.
Vale explicar que as operações de derivativos de energia são financeiras e não envolvem a compra do ativo físico em si (que é a própria energia elétrica). Nesse caso, a energia funciona como um ativo financeiro, o qual é classificado como valor mobiliário.
Modalidades de negociação dos derivativos de energia elétrica
A B3 estabelece três modalidades de negociação dos derivativos:
- Termo: o contrato a Termo ocorre entre duas partes, em que uma delas se compromete a comprar ou vender uma parte do produto a um preço previamente estabelecido em uma data futura (que também foi definida anteriormente). No caso dos derivativos de energia, é possível fixar o preço do PLD com antecedência, por exemplo;
- Swap: em tradução livre, “swap” significa “troca”, e é exatamente isso que ocorre aqui. No contrato de Swap, as partes trocam a rentabilidade de dois ativos em um período específico, ou seja, há uma troca de fluxo de caixa. Diferentes indexadores podem ser combinados — no caso da energia, podem ser utilizados os diversos tipos de PLDs existentes (PLD SE/CO, PLD Nordeste, etc).
- Opção: por fim, o contrato de Opção dá o direito ao titular da Opção a comprar ou vender uma parte de um ativo em uma data futura (previamente definida) a um preço estabelecido anteriormente.
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Entender o que são derivativos de energia elétrica requer bastante estudo, e com este artigo você já deu o primeiro passo para aprender a respeito do tema. Continue buscando informações até ter total segurança para investir nessa modalidade e proteger a sua carteira.
Boa sorte!
Esse artigo foi escrito pela Esfera Energia, empresa referência nacional em gestão de energia no Mercado Livre de Energia.