Uma pesquisa realizada pela Sodexo indicou que empresas que oferecem qualidade de vida aos seus funcionários são, em média, 70% mais rentáveis que a concorrência. Esses números estão relacionados a um ciclo que envolve maior satisfação com o trabalho e, consequentemente, aumento de produtividade.
Em contrapartida, as organizações que não dão atenção especial à saúde mental e ao bem-estar de seus colaboradores tendem a conviver com equipes insatisfeitas e menos comprometidas com suas atividades.
Dessa forma, mesmo as empresas que adotam o regime de home office devem desenvolver ações para assegurar que seus colaboradores possam ter a melhor relação com suas atividades e alcancem a tão desejada qualidade de vida no trabalho.
O que é qualidade de vida no trabalho
A qualidade de vida no trabalho, também conhecida pela sigla QVT, é o grau de satisfação que um colaborador tem com as funções exercidas e com o local em que trabalha.
O alcance dessa satisfação não é responsabilidade apenas do funcionário. A empresa tem a obrigação de promovê-la, o que, consequentemente, implicará em maior produtividade dos colaboradores e melhores resultados de negócio.
No home office, a promoção da qualidade de vida está relacionada a um ambiente adequado para que o funcionário possa exercer sua atividade da melhor forma, assim como a criação de uma cultura organizacional que proporcione boas condições de trabalho.
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Importância do ambiente de trabalho para a qualidade de vida
A satisfação com o trabalho está diretamente relacionada ao ambiente onde trabalhamos. Quando adotam o regime de home office, as empresas têm menos impacto direto sobre o local onde seus funcionários vão exercer suas atividades, mas ainda assim devem se comprometer em oferecer condições adequadas aos seus colaboradores.
Equipamentos e ferramentas adequados
Mesmo que muitos profissionais tenham seus próprios equipamentos eletrônicos, como notebook ou desktop, é missão da empresa entregar a seus funcionários todos os recursos necessários para realizar suas entregas.
Uma alternativa comum no mundo organizacional é permitir que as pessoas levem seus notebooks de trabalho para casa. Se isso não for possível, as companhias podem ainda recorrer ao aluguel de laptops e outros equipamentos eletrônicos.
Além dos equipamentos, é preciso identificar se há a disponibilidade de todas as ferramentas necessárias para gestão de projetos e comunicação.
Regras de saúde e ergonomia
A lei trabalhista determina que o empregador deverá instruir os empregados sobre regras de saúde, ergonomia e de segurança do trabalho.
Durante a pandemia de Covid-19, muitas empresas ofereceram também cadeiras para que seus colaboradores pudessem trabalhar de casa.
Lembre-se que a tendência para quem trabalha em casa é passar muito tempo sentado. Dessa forma, ter uma boa cadeira é fundamental para evitar problemas para coluna, desconfortos para os pés ou problemas de visão.
A cadeira do home office deve ter regulagem de altura, para permitir que os pés sempre estejam apoiados firmemente no chão ou em um descanso para pés.
Além disso, as regras para ter um bom ambiente de trabalho indicam que o antebraço deve ficar em posição paralela ao chão na hora de digitar.
O monitor, por sua vez, tem de ficar posicionado de maneira que seja possível ver toda a tela sem realizar movimentos bruscos da cabeça.
A postura correta deve ser a demonstrada abaixo, no infográfico do Laboratório Sace.
Como cultura organizacional e comunicação influenciam na qualidade de vida
A satisfação pessoal com o trabalho está também diretamente relacionada à identificação com os valores propostos pela empresa. Portanto, é imprescindível que as empresas tenham atenção especial à criação de uma cultura organizacional que busque constantemente respaldar seus colaboradores a se sentirem confortáveis para realizar seu trabalho.
No regime de home office, o distanciamento geográfico tende a ser superado quando as empresas mantêm uma comunicação transparente e canais abertos para que os colaboradores tenham acesso a seus líderes. A falta de diálogo deixa os colaboradores sem orientação, o que amplia a possibilidade de erros e conflitos.
Co-fundador da Supersonic, empresa que adotou o trabalho remoto desde o dia de sua fundação e foi classificada como Great Place to Work, Rafael Damasceno alerta para a importância de uma comunicação.
“Para a empresa funcionar, você tem de fazer a comunicação da melhor forma possível. E isso exigirá planejamento e regras claras. Dá trabalho, é chato, mas é chave no trabalho remoto”, destaca Damasceno.
- Confira também: Por que a comunicação assíncrona é importante no home office
Para que os funcionários também possam se sentir confortáveis e tenham clareza do que devem desempenhar, é importante que as empresas remotas documentem todos os seus processos.
“Um desafio grande que temos diariamente e demanda investimento de tempo é documentar processos de forma clara, objetiva e intuitiva. E também manter isso atualizado. É difícil, mas fundamental para uma empresa remota funcionar sem a sensação de caos”, acrescenta Rafael Damasceno.
Ouça a participação de Rafael Damasceno no Digicast em que falamos sobre a criação de uma cultura organizacional em uma empresa remota:
Impacto de boa liderança remota
Uma comunicação transparente é essencial para uma boa relação entre gestores e colaboradores. Em empresas que adotam o trabalho remoto, os líderes precisam se adaptar ao distanciamento dos membros de suas equipes. Nesse momento, é fundamental que o microgerenciamento seja evitado.
“Se você sente necessidade de microgerenciar as pessoas é porque você não confia no seu time. Portanto, o buraco é muito mais embaixo. Abrir mão do microgerenciamento libera estresse e tempo de todo mundo para produzir mais”, alerta Rafael Damasceno.
Lideranças ruins geram desconforto aos colaboradores, impactando negativamente em sua qualidade de vida. Consequentemente, prejudicam os resultados da empresa e geram baixa retenção de talentos.
Ainda que não haja proximidade entre líder e equipe, é válido ressaltar que as habilidades de gestão sejam inerentes à distância para os liderados.
“Não existe líder remoto ruim, existe líder ruim. A adaptabilidade é uma das principais características da liderança, a capacidade de contextualizar, a liderança situacional e como eu me adapto a diferentes contextos”, ressalta Fernando Pacheco, autor do livro O caminho dos líderes.
Vantagens da qualidade de vida no trabalho remoto
Uma das vantagens do home office percebidas pelos profissionais que trabalham nesse regime é o aumento da qualidade de vida. Estudos mostram como o home office torna as pessoas mais saudáveis.
Abaixo, relacionamos algumas das vantagens do trabalho remoto para a saúde.
Diminuição de risco com colesterol e obesidade
Uma pesquisa do instituto norte-americano Gallup indica que pessoas que não precisam se deslocar diariamente para o trabalho têm menos problemas recorrentes no pescoço e nas costas. Elas também correm um menor risco de sofrerem com colesterol e obesidade.
Melhor alimentação e mais horas de sono
A CoSo Cloud, fornecedora de soluções de nuvem privada do Adobe Connect, descobriu num estudo recente que 42% dos trabalhadores remotos relataram uma alimentação mais saudável do que quando trabalhavam em um ambiente de escritório tradicional. O estudo constatou também que 45% dos trabalhadores remotos estão dormindo mais.
Mais prática de exercícios físicos
Um dos mitos relacionados ao trabalho remoto é a crença de que as pessoas que trabalham em home office tendem a permanecer mais tempo em casa e, dessa forma, se exercitam menos. Porém, essa visão não reflete a realidade.
O mesmo estudo da CoSo Cloud citado logo acima relatou que 35% dos trabalhadores remotos estão fazendo mais exercícios físicos do que quando trabalhavam em um escritório.
Diminuição de estresse
Quantas pessoas aceitariam mudar suas rotinas de trabalho para evitar pegar trânsito e enfrentar engarrafamentos para ir e voltar do trabalho? Essa é apenas uma das causas de estresse para os trabalhadores no mundo atual.
Estudos indicam que trabalhadores que executam suas atividades em casa são menos estressados. A PGi, líder global em fornecimento de software e serviços de colaboração, revelou que 82% dos trabalhadores remotos relataram níveis mais baixos de estresse.
Diminuição dos casos de doenças
Durante a pandemia de Covid-19, o isolamento social foi apontado como a melhor forma de diminuir o contágio de coronavírus. Um cenário semelhante acontece quando as pessoas trabalham em casa.
Muitos trabalhadores se deslocam para os escritórios mesmo quando não se sentem completamente saudáveis. A crença de que é possível trabalhar com os sintomas iniciais de uma doença expõe os colegas a um risco de serem contaminados.
Uma pesquisa da Wakefield Research também descobriu que 69% dos trabalhadores dos Estados Unidos não recorrem a atestados quando se sentem algum sinal de doença e 62% já foram trabalhar doentes.
Infelizmente, essa estatística mostra um cenário de risco. Afinal, como vimos nas diversas informações ao longo da pandemia de coronavírus, a aglomeração de pessoas é um dos fatores propícios para a propagação de doenças.
Embora tenhamos destacados várias estatísticas a respeito de vantagens do home office, é válido destacar que há contrapartidas do trabalho em casa. Um estudo do banco britânico Aldermore descobriu que 39% das pessoas que trabalham em casa se sentiam solitárias. Esse sentimento pode trazer consequências negativas para a saúde, como desenvolvimento de depressão.
Por isso, ressaltamos que é importante ter atenção à saúde mental e ao desenvolvimento da inteligência emocional no trabalho remoto.
Ouça a participação de Amanda Alvernaz, do Trello, no Digicast, e saiba como se organizar para ter qualidade de vida e aumentar a produtividade no home office: