Durante o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, muitas empresas que ainda não adotavam o home office tiveram de passar a trabalhar remotamente para que suas operações não fossem interrompidas. No entanto, grandes companhias já indicaram  que manterão seus colaboradores no trabalho remoto mesmo depois de o surto do novo coronavírus ser superado.

Esse é o caso, por exemplo, do Facebook. CEO da rede social com mais usuários em todo o mundo, Mark Zuckerberg estima que quase 50% de seus funcionários trabalharão remotamente dentro de 10 anos. Já o Twitter divulgou que seus colaboradores poderão permanecer em home office para sempre, se assim desejarem.

Outras gigantes de tecnologia, como o Google, também caminham para a expansão do home office em suas rotinas. Veja, a seguir, o que cada uma dessas empresas têm feito em relação ao trabalho remoto e por que elas têm seguido por esse caminho.

Facebook

A crise de Covid-19 antecipou a adoção de novas modalidades de trabalho. No caso do Facebook, o fundador e CEO Mark Zuckerberg anunciou em 21 de maio que as novas vagas abertas na companhia agora estarão disponíveis para trabalho remoto. Até o fim de 2019, os funcionários da empresa também terão a possibilidade de trabalhar em home office permanentemente.

Essas são as primeiras de uma série de ações que ampliarão o regime de home office para os colaboradores da rede social com mais usuários em todo o mundo. Há a expectativa de que 50% dos trabalhadores do Facebook exerçam o teletrabalho até 2030 — atualmente, a empresa emprega 48 mil pessoas em 70 localidades.

A mudança para o home office será feito gradualmente, começando pelos funcionários da empresa em sedes nos Estados Unidos e no Canadá. Obviamente, a migração dependerá da viabilidade do teletrabalho, de acordo com cargos e equipes.

O Facebook já havia oferecido pagamentos maiores para que seus funcionários se mudassem para morar a 15 quilômetros de sua sede em Menlo Park, na Califórnia. 

Desta vez, a migração para o home office teve a pandemia como gatilho. A diretoria do Facebook percebeu que, ao contrário do que pensavam, as pessoas são tão produtivas, ou até mais, quando trabalham em casa do que quando estão no escritório. 

Desenvolvimento de tecnologias para o home office

Diversas ferramentas baseadas na nuvem já possibilitam que as pessoas trabalhem a qualquer momento a partir de qualquer lugar. O Facebook pretende potencializar esses recursos, desenvolvendo novas tecnologias. 

Além das ferramentas de bate-papo e mídia social, a companhia trabalha para aprimorar seus dispositivos de comunicação por vídeo e, especialmente, suas tecnologias de realidade virtual e aumentada. A promessa de tecnologias imersivas é permitir uma sensação de presença próxima da realidade, mesmo estando em outro continente. Essas iniciativas do Facebook receberam o slogan “Defy Distance”, ou desafiar a distância.

Com a adoção do home office, ou a ampliação desse regime, o Facebook enxerga a possibilidade de recrutar profissionais ainda mais talentosos, já que não haverá limitações geográficas para esses trabalhadores. Ou seja, a companhia terá um leque maior de candidatos para selecionar, sem a preocupação de filtrar por localidades específicas.

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Google

Os impactos da pandemia de Covid-19 também foram a motivação para que o Google ampliasse sua política de home office. Em março, a companhia enviou um comunicado para quase 100 mil funcionários em 11 escritórios nos Estados Unidos e no Canadá e, logo depois, os colaboradores adotaram o trabalho remoto. 

“Com muita cautela, e para a proteção da Alphabet e da comunidade em geral, agora recomendamos que você trabalhe em casa, se sua função permitir”, escreveu Chris Rackow, vice-presidente de segurança global do Google, em um email.

A orientação do Google foi para que seus funcionários permanecessem trabalhando em casa, com o intuito de diminuir o contágio pelo novo coronavírus. “Contribuir para o distanciamento social, se você puder, ajuda a comunidade em geral a se espalhar e, o que é mais importante, ajudará a minimizar o pico de carga no sistema de saúde e também poupá-lo para as pessoas necessitadas”, disse Sundar Pichai, CEO do Google, na sua página oficial do Twitter.

No Brasil, a migração dos mil funcionários do Google para o home office foi feita em quatro dias. O presidente da companhia no Brasil, Fábio Coelho, indicou que houve aumento de produtividade. “Na verdade, vejo a gente trabalhando mais do que antes. Nosso trabalho ficou mais focado”, disse.

No início de maio, o Google anunciou que todos os seus trabalhadores que quiserem manter o regime home office até o fim de 2020 estão autorizados a permanecer em casa mesmo quando os escritórios forem reabertos.

A companhia não manifestou uma posição definitiva em relação ao home office para o futuro, mas já analisa mudanças na forma de trabalho.

“Se pensar bem, o modelo de trabalho de oito horas, das 8h às 17h, foi criado na revolução industrial. Faz 130 anos! Agora temos as ferramentas e a necessidade de fazer um período prolongado em casa. Abre a porta para reflexão. Por que as pessoas têm que chegar no mesmo horário? Como as empresas vão se organizar com relação às rotinas para que possam trabalhar e ter interações com clientes e colaboradores?”, ponderou o presidente do Google no Brasil.

Ouça a participação de Lucas Morello, da Remotebox, no Digicast em que discutimos se o futuro é mesmo remoto:

Twitter

Entre as grandes empresa de tecnologia, aquela que tomou o passo mais firme em relação à adoção definitiva do trabalho remoto foi o Twitter. No início de maio, a companhia anunciou que seus colaboradores poderão trabalhar em home office para sempre. 

Em e-mail interno enviado no dia 12 de maio, o CEO da rede social, Jack Dorsey, informou que, mesmo após o fim da pandemia do coronavírus, a possibilidade de trabalhar em casa será permanente para aqueles que preferirem o modelo e estiverem em cargos que permitam o trabalho remoto.

A companhia já havia publicado um comunicado indicando que a decisão de retornar aos escritórios ficaria por conta dos colaboradores.

“A abertura dos escritórios será uma decisão nossa. Quando e se nossos funcionários voltarão a trabalhar de lá, será uma decisão deles”, afirmam.

Auxílio a funcionários na transição para o home office

Os primeiros passos do Twitter no sentido de migração para o home office foram dados no início de março, quando passou a incentivar seus funcionários a trabalharem de casa. Porém, alguns dias depois, a empresa declarou que o trabalho remoto seria obrigatório. 

“Nossa principal prioridade continua sendo a saúde e a segurança de nossos Tweeps [como chamam seus funcionários], e também temos a responsabilidade de apoiar nossas comunidades, aqueles que são vulneráveis ​​e os profissionais de saúde que estão na linha de frente desta pandemia”, afirmou Jennifer Christie, vice-presidente de pessoas da empresa.

Para que o home office pudesse ser adotado, o Twitter enviou equipamentos de escritórios para as casas dos funcionários, como mesas e cadeiras ergonômicas. “Todos os funcionários receberão reembolso pelas despesas de configuração do escritório em casa”, ressaltou Christie. 

O Twitter também formulou um guia com dicas e melhores práticas para o home office, com informações sobre como ter um bom ambiente de trabalho, como gerenciar uma equipe distribuída em diversos locais e como realizar entrevistas e reuniões de forma online. 

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Apple

Durante a pandemia, a Apple também adotou o modelo de home office. Em comunicado, Tim Cook afirmou que a medida foi tomada em escritórios da Apple no mundo todo. 

“Estamos adotando acordos de trabalho flexíveis em todo o mundo, além da Grande China. Isso significa que membros da equipe devem trabalhar remotamente, e aqueles cujo trabalho exige que estejam no local devem seguir as orientações para maximizar o espaço interpessoal”, destacou. 

De acordo com o executivo, os escritórios passaram por processos de limpeza profunda. Cook ressaltou ainda que os pagamentos serão realizados normalmente para todos os funcionários. 

“As políticas estão sendo tomadas para acomodar as circunstâncias de saúde pessoal ou familiar criadas pelo COVID-19 — incluindo a recuperação, cuidado de um ente querido ou quarentena obrigatória”, disse.

Porém, a Apple iniciou um movimento diferente das demais gigantes de tecnologia, com a preparação para a volta aos escritórios. Segundo reportagem da Bloomberg, o retorno às atividades presenciais está relacionado ao foco da companhia em desenvolvimento de hardware e ter historicamente apostado em reuniões presenciais e um approach “hands on”.

As fases para retorno foram iniciadas em maio com funcionários que não conseguem trabalhar em casa, como aqueles com tarefas ligadas a desenvolvimento de hardware. O processo de volta ao escritório será gradual até julho.

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XP

Iniciativas de adoção de home office em grandes empresas não se restringiram apenas às gigantes da tecnologia. No Brasil, a XP anunciou que não só manterá o trabalho remoto até o fim de 2020, como também estuda adotá-lo permanentemente.

Dessa forma, entre os 2.700 colaboradores nos escritórios de São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York e Miami, todos aqueles que conseguem desempenhar suas funções fora do escritório poderão passar a adotar o home office como o modelo padrão na XP.

“A nossa cultura permitiu um ajuste rápido ao cenário atual e a experiência está nos trazendo uma série de aprendizados que podem se transformar, de fato, em uma nova maneira de encarar a vida corporativa”, destaca Guilherme Sant’Anna, sócio e responsável pela área de gente e gestão da XP Inc.

Embora o home office possa trazer diminuição de custos operacionais para as empresas, a XP alega que essa iniciativa está relacionada à avaliação da vontade dos funcionários, que, por meio de pesquisas, demonstraram ter maior qualidade de vida e efetivamente preferir uma rotina com maior possibilidade de trabalhar de casa.

A pesquisa interna indicou que 95% dos funcionários gostariam de manter, pelo menos, um dia por semana de home office e quase 60%, entre três e quatro dias.

Sem a necessidade de usar todo o espaço de escritórios que mantém atualmente, a XP estuda utilizar esses locais de trabalho para demandas pontuais, como treinamentos de equipes, dinâmicas presenciais, atendimentos a clientes e parceiros.

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Home office em definitivo no Brasil

A adoção do home office como padrão não se restringirá apenas às grandes companhias de tecnologia. Segundo um estudo realizado pela consultoria Cushman & Wakefield, divulgado pela Exame, 73,8% das empresas pretendem instituir o home office como prática definitiva no Brasil após a pandemia do novo coronavírus. 

A pesquisa indica que antes do isolamento social 42,6% das empresas nunca tinham adotado a prática e, em 23,8% das companhias, o home office não passava de uma possibilidade em análise.

Embora a migração para o home office tenha sido forçada por causa da pandemia, impedindo uma preparação prévia, os resultados da adoção do trabalho remoto foram aprovados. Para 25,4% dos entrevistados, a experiência do trabalho remoto é totalmente positiva, enquanto para 59% há mais pontos positivos do que negativos.

Somente 2,5% dos executivos ouvidos disseram que a experiência é totalmente negativa e outros 13,1% afirmaram que há mais pontos negativos do que positivos.

Para a implantação do home office em uma empresa, alguns passos devem ser seguidos, como a formalização de uma política para o trabalho remoto, a adoção de ferramentas que permitam que todos desempenhem suas atividades da melhor forma e a adequação à legislação trabalhista.

Somente com a atenção devida a todos esses fatores, empresas e colaboradores poderão desfrutar de todas as vantagens do home office.

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