A disrupção se tornou um objetivo de para muitas empresas ao longo dos últimos anos. Afinal, diante de todos os impactos provocados pela transformação digital, tornou-se evidente que companhias que não mantiverem culturas de inovação tendem a ser superadas por concorrentes e perder sua capacidade competitiva.
No entanto, nem toda inovação será capaz de gerar uma disrupção. Em muitos casos, as empresas promovem melhorias em seus produtos e serviços para atender às novas demandas do consumidor, mas sem provocar rupturas nos segmentos em que atuam.
Diante disso, abordamos aqui o que define um negócio disruptivo, quais as estratégias para a criação de companhias que promovam rupturas em seus mercados e listamos 5 exemplos de empresas que revolucionaram a forma de consumo.
O que define negócios disruptivos
Segundo o dicionário Michaelis, disrupção é “ato ou efeito de romper” ou, então, “a quebra de um curso normal de um processo”. Ou seja, negócios disruptivos são aqueles que rompem a normalidade de um mercado ou processo produtivo. Isso acontece quando novos mercados são criados ou o modelo de negócios é totalmente diferente do anterior.
Se uma empresa apenas inclui melhorias incrementais em seus produtos para atender as demandas de clientes de um mercado já estabelecido, ela não está sendo disruptiva.
Usualmente, a criação de negócios disruptivos é mais comum em empresas que já iniciam suas operações buscando revolucionar um mercado.
Nas companhias já existentes, é comum que haja resistência a inovações muito drásticas, diante do receio de qual seria o impacto que elas causariam para o futuro dos negócios. Assim, nessas empresas, o mais comum é que ocorram apenas inovações incrementais.
Um exemplo está no mercado de fotografia. Quando as máquinas fotográficas digitais foram lançadas, houve a promessa de que elas alterariam a relação das pessoas com a forma de guardar suas memórias, já que passava a ser possível organizar álbuns de fotos em computadores pessoais.
Entretanto, uma disrupção aconteceu efetivamente quanto as máquinas fotográficas digitais foram integradas aos smartphones. Assim, as pessoas passaram a compartilhar as imagens registradas, decretando o fim das companhias de filmes fotográficos.
Ainda não está claro o que é um negócio disruptivo? Vamos aos passos que definem a disrupção!
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Estratégias para a criação de negócios disruptivos
Em artigo na MITSloan Management Review, os pesquisadores Clayton M. Christensen, Mark W. Johnson e Darrell K. Rigby detalharam quais são as duas estratégias que levam à criação de negócios disruptivos: a criação de um novo mercado como base do modelo de negócio disruptivo ou a criação de modelos de negócios disruptivos baseados nos segmentos de entrada.
Para cada uma dessas estratégias, os pesquisadores sobre inovação indicaram questionamentos que servem como base para a identificação de quais seriam negócios efetivamente disruptivos:
Criação de um novo mercado como base do modelo de negócio disruptivo
A criação de um modelo de negócio disruptivo acontece, geralmente, quando são identificadas demandas reprimidas em algum mercado, relacionadas a preços muito altos ou soluções muito complexas.
Dessa forma, as companhias que promovem rupturas tendem a conquistar clientes que pouco consumiam aqueles produtos ou serviços em vez de “roubar” consumidores de companhias já estabelecidas.
Diante disso, algumas perguntas a serem feitas envolvem:
- Os produtos já existentes não são usados por serem caros ou por serem complexos?
- Os consumidores estão dispostos a usar um produto mais simples?
- A inovação ajudará os consumidores a fazer algo que já fazem de forma mais fácil?
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Criação de modelos de negócios disruptivos baseados nos segmentos de entrada
Se um mercado já tem a demanda atendida nos segmentos mais caros, a inovação disruptiva acontece quando a criação de um novo produto para os segmentos de entrada.
Geralmente, esse cenário se consolida quando uma companhia é capaz de oferecer uma solução por preço muito inferior àquele que os consumidores estavam acostumados a pagar nesse mercado.
Contudo, a disrupção somente será sustentável se a inovação for escalável ao ponto de tornar mais baratos os custos de produção.
Assim, ao considerar a criação de modelos de negócios disruptivos, devem ser feitas duas perguntas:
- Os produtos líderes de mercado atendem além das expectativas?
- É possível criar um modelo de negócios com custos menores?
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Exemplos de negócios disruptivos
A criação de negócios disruptivos foi vista nas últimas décadas em diferentes mercados. As companhias que promoveram essas inovações foram capazes de alterar o comportamento do consumidor com a oferta de novas soluções.
Veja, a seguir, alguns exemplos de mercados que foram revolucionados por negócios disruptivos:
Transportes: Uber
A percepção da necessidade dos consumidores tende a ser o melhor caminho para a criação de negócios que efetivamente impactam a sociedade. Um exemplo claro está na Uber.
A empresa que revolucionaria a forma como nos locomovemos nasceu em 2009. No começo, seu serviço permitia que os usuários de San Francisco se conectassem com motoristas particulares de carros de luxo.
Aos poucos, houve a expansão para outras cidades norte-americanas e também para outros países.
Em 2012, foi criado o UberX, serviço que permite qualquer proprietário de veículo se tornar motorista e tem preços mais acessíveis para os usuários. Desde então, o número de adeptos do app cresceu consideravelmente e muitas pessoas diminuíram o uso do transporte público.
Hotelaria: Airbnb
O mercado hoteleiro foi revolucionado nos últimos anos a partir do crescimento do Airbnb.
Criado em 2008 como uma solução para arrecadar dinheiro com aluguel, o negócio fundado pelos então estudantes de Design Nathan Blecharczyk, Brian Chesky e Joe Gebbia já havia alcançado cerca de 30 mil cidades em 192 países diferentes com apenas quatro anos de existência.
Enquanto os hotéis tentam encontrar meios para se adequar à transformação digital, o Airbnb atua como a conexão entre hóspedes e imóveis. Além disso, oferece serviços como locação de vagas de garagem, barcos e aviões.
Atualmente, o Airbnb é a maior plataforma de economia compartilhada do mundo e uma das principais referências para companhias que planejam se digitalizar.
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Entretenimento: Netflix
Até a década de 1990, a Blockbuster era responsável por liderar o mercado de locação de aluguéis de vídeos. Porém, em 2011, a companhia declarou falência. Naquele momento, ela já encarava a perda de mercado para concorrentes que foram mais ágeis na adequação às mídias digitais.
Inicialmente, a Netflix enviava DVDs via correio para casa de seus clientes. Entretanto, a empresa teve a percepção de que as necessidades de seus consumidores eram outras e iniciou a caminhada para a disruptura de seu mercado com o streaming de vídeos sob demanda.
A agilidade da Netflix para se adequar à nova tecnologia fez com que a empresa batesse a marca de 137 milhões de assinantes em 2018 e receita de US$ 11,3 bilhões ao ano.
Atualmente, a companhia, além de oferecer o serviço de streaming, se tornou uma das principais produtoras de conteúdo do planeta, levando suas produções às principais premiações da indústria do entretenimento.
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Música: Spotify
A aplicação de uma cultura ágil aliada ao uso de machine learning permitiu que a Spotify se tornasse a principal referência no mercado de música atualmente.
Quando houve seu lançamento, em 2008, a companhia era focada em scrum, uma abordagem de desenvolvimento ágil e madura. Dessa forma, foi criada uma cultura baseada em times.
À medida em que a empresa cresceu, o modelo de scrum foi adaptado, e aumentou também o número de líderes em processos da empresa.
Juntamente com a metodologia ágil e suas adaptações para as rotinas da empresa, a Spotify desenvolveu um modelo de machine learning em que o aplicativo é capaz de aprender quais as músicas que seus usuários mais gostam e, assim, fazer indicações de acordo com seus perfis.
No mercado B2B, a companhia ainda desenvolveu soluções para identificar qual é o gosto musical de determinado grupo no mercado, ampliando o seu portfólio.
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Finanças: Nubank
Um dos mercados mais impactados pela transformação digital nos últimos anos foi o financeiro. Ainda que os bancos mantenham alto nível de lucratividade, eles precisaram conviver com o surgimento de bancos digitais.
Em 2019, a Fast Company considerou o Nubank uma das fintechs mais inovadoras do mundo. A companhia brasileira não necessariamente passou por uma transformação digital, mas usou a digitalização como um grande ativo desde o seu surgimento no mercado.
A startup pioneira de serviços financeiros nasceu em 2013, atuando como uma operadora de cartão de crédito e oferecendo um serviço digital, internacional e sem anuidades. Dessa forma, ela se posicionou com um grande diferencial num mercado em que a cobrança de taxas é algo comum.
Já em 2017, a empresa foi além e criou a NuConta, incluindo em uma conta digital, administrada por aplicativo, os serviços dos bancos tradicionais.
Num mercado tradicional e com o histórico de pouca aproximação com os clientes, o Nubank adotou a estratégia de se diferenciar justamente pelo seu atendimento digital.
Os atendentes são incentivados a sair dos roteiros rígidos de comunicação com os clientes e ir além de suas solicitações. Com uma comunicação pessoal e humanizada, são capazes de oferecer boas experiências de consumo.
Apoiado pela digitalização desde a sua fundação, o Nubank foi capaz de romper com a alta burocracia, falta de transparência, excesso de taxas e outras queixas comuns aos clientes de instituições financeiras.
A fintech ainda empoderou seus clientes, permitindo diversas ações dentro de seu app, como bloquear o cartão, solicitar um novo, reportar compras ou alterar seu limite sem a necessidade de acionar a central de atendimento.
Enquanto os grande bancos se adaptam à digitalização e melhorar a experiência de seus clientes, o Nubank já nasceu como resultado da transformação digital do mercado financeiro.
Veja, no vídeo abaixo, como a fintech construiu uma cultura organizacional que suportou sua vantagem competitiva:
O exemplo do Nubank mostra como empresas brasileiras são capazes de criar negócios disruptivos. Ainda que já existissem bancos digitais operando em outros países, a fintech impactou drasticamente o mercado financeiro no Brasil.
Independemente de onde operam as companhias disruptivas alteram a forma como consumimos e geram uma demanda de transformação em seus concorrentes.
Diante das demandas por digitalização, aproveite para conhecer os Indicadores de desempenho para a Transformação Digital.